Acesso à Internet na China
O panorama da internet na China é caracterizado por uma escala massiva, infraestrutura controlada pelo Estado e governança rigorosa. Com mais de um bilhão de usuários online, a China abriga a maior comunidade de internet do mundo, mas esse acesso vem com restrições significativas e um ecossistema digital paralelo separado da internet global. Abaixo está uma visão geral dos aspectos-chave do acesso à internet na China, desde infraestrutura e provedores de serviços até políticas de censura e tendências emergentes.
Infraestrutura e Principais Provedores de Serviços
A China construiu uma extensa infraestrutura de internet, principalmente através de empresas estatais. Os Principais Provedores de Serviços de Internet na China incluem:
- China Telecom – Um gigante das telecomunicações estatal, dominante no mercado de internet e telefonia no sul da China.
- China Unicom – Um provedor estatal dominante nas regiões do norte.
- China Mobile – O maior operador de rede móvel, dominante no centro e leste da China.
Esses três ISPs estatais operam efetivamente como monopólios regionais china-briefing.com. Eles controlam a espinha dorsal da internet da China e a conectividade de última milha, garantindo que o governo mantenha supervisão sobre a infraestrutura. A China investiu pesadamente em redes modernas – por exemplo, o país implementou rapidamente cobertura de banda larga de fibra e 5G, instalando milhões de estações base 5G para melhorar a velocidade e a capacidade em todo o país. Como resultado, as velocidades médias da internet da China estão entre as mais rápidas do mundo. Na banda larga móvel, a China ocupa cerca da 7ª posição mundial, com velocidades medianas de download de ~117 Mbps visualcapitalist.com, refletindo o estado avançado de sua tecnologia de rede. As velocidades de banda larga fixa em grandes cidades como Pequim e Xangai frequentemente superam 200 Mbps, em nível de países de ponta.
Apesar da alta largura de banda doméstica, a conectividade com a internet global é severamente limitada. Todo o tráfego internacional passa apenas por três portos submarinos controlados pelo governo (em Qingdao, Xangai e Shantou) china-briefing.com. Essa quantidade limitada de pontos de saída cria um gargalo para o acesso ao exterior – resultando em conexões mais lentas e com latência quando usuários chineses acessam sites hospedados no exterior china-briefing.com. A arquitetura de gateway centralizada facilita para as autoridades monitorar e filtrar o fluxo de dados transfronteiriços. Na prática, usuários na China desfrutam de conexões rápidas com sites domésticos, mas frequentemente experimentam atrasos ou timeouts em sites internacionais devido a essas limitações.
A base de usuários da internet na China cresceu para números enormes. Ao final de 2023, 1,09 bilhões de residentes chineses estavam online, representando cerca de 77,5% da população en.wikipedia.org. Essa taxa de penetração é alta, dado o tamanho da China, embora as áreas urbanas tenham conectividade muito maior do que algumas regiões rurais. Notavelmente, mais de 99% dos usuários de internet na China acessam a rede via telefones celulares en.wikipedia.org, graças aos smartphones onipresentes e à banda larga móvel. O governo da China continua a expandir a infraestrutura para áreas carentes (incluindo planos para internet via satélite em regiões remotas) para aumentar ainda mais o acesso en.wikipedia.org. No geral, a infraestrutura física da internet na China é moderna e de grande escala, mas é projetada de forma a centralizar o controle e filtrar informações externas.
Regulação do Governo e Censura (O “Grande Firewall”)
O governo chinês impõe extensas regulamentações ao conteúdo e ao uso da internet. Central para isso está o sistema de censura frequentemente chamado de “Grande Firewall da China.” Tecnicamente e legalmente, o Grande Firewall é um regime abrangente de controle da Internet – combinando leis, monitoramento e tecnologias de filtragem para regular o que os usuários chineses podem ver online britannica.com. Ele serve como uma fronteira virtual separando o ciberespaço doméstico da China da internet aberta global, bloqueando informações que as autoridades consideram prejudiciais ou desestabilizadoras para o Estado britannica.com.
Como funciona o Grande Firewall: Iniciado no final da década de 1990 sob o Projeto do Escudo Dourado (administrado pelo Ministério da Segurança Pública) britannica.com, o Grande Firewall hoje emprega uma variedade de métodos para censurar conteúdo. Estes incluem:
- Bloqueio de IP e filtragem de DNS – negando acesso a endereços IP específicos ou adulterando as respostas de DNS para domínios proibidos, de modo que não possam ser acessadoscs.stanford.edubritannica.com.
- Filtragem de palavras-chave – escaneando o tráfego da internet em busca de palavras-chave bloqueadas (por exemplo, termos politicamente sensíveis) e redefinindo ou fechando conexões se tal conteúdo for detectado en.wikipedia.org.
- Inspeção de URL e Pacotes – usando inspeção profunda de pacotes (DPI) para monitorar solicitações web e pacotes de dados, permitindo que as autoridades filtrem ou limitem cirurgicamente certos conteúdosbritannica.com.
- Pressão legislativa sobre empresas – Leis exigem que todas as plataformas de internet e ISPs que operam na China se autocensurem e removam conteúdo proibido, sob pena de lei britannica.com. As empresas devem monitorar e purgar ativamente material politicamente sensível ou obsceno de seus serviços. O governo também insere seus próprios monitores dentro das empresas de tecnologia ou usa vigilância automatizada para garantir conformidade britannica.com.
Através dessas táticas, o Grande Firewall bloqueia uma ampla gama de informações. Por lei, o conteúdo que “pode incitar oposição política, divulgar segredos de Estado ou minar a unidade nacional” é estritamente proibido britannica.com. Os censores também visam pornografia, jogos de azar, violência, bem como dissidência ou críticas ao governo britannica.com. O resultado é um ambiente na internet onde a fala online é rigorosamente monitorada e filtrada em múltiplos níveis (infraestrutura do ISP, plataformas e software do usuário final).
Órgãos reguladores: A aplicação das regulamentações da internet é coordenada por agências como a Administração do Ciberespaço da China (CAC) – o principal regulador da internet supervisionando políticas de dados e conteúdo en.wikipedia.org. O Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação (MIIT) e o Ministério da Segurança Pública (MPS) também desempenham papéis fundamentais: o MIIT gerencia as indústrias de telecomunicações e rede, enquanto o MPS foca na policiamento de crimes cibernéticos e manutenção da infraestrutura do Escudo Dourado en.wikipedia.org. Todos os provedores de serviços de internet na China devem obter licenças e obedecer a regras rigorosas do governo. Ao longo dos anos, Pequim aprovou uma série de leis (por exemplo, a Lei de Segurança Cibernética de 2017) que consolidam a autoridade de censura e enfatizam a “soberania da internet”, afirmando o direito da China de controlar completamente sua internet doméstica en.wikipedia.org en.wikipedia.org. Essas leis exigem a localização de dados, verificação de nome real dos usuários e cooperação das empresas com agências de segurança, consolidando ainda mais a supervisão governamental da atividade digital en.wikipedia.org.
Na prática, a censura política penetra em todas as camadas da internet chinesa. As empresas de mídia social empregam grandes equipes de censores para deletar postagens proibidas em minutos. Palavras-chave relacionadas a tópicos como os protestos da Praça da Paz Celestial de 1989 são bloqueadas em mecanismos de busca e plataformas sociais. Os sites são periodicamente ordenados a “limpar” o conteúdo ou até mesmo suspender recursos durante aniversários politicamente sensíveis en.wikipedia.org. Esse controle abrangente criou um espaço online fortemente sanitizado quando se trata de dissidência política ou social. Os internautas chineses muitas vezes recorrem a eufemismos criativos e memes para discutir tópicos sensíveis, mas os censores conseguem pegá-los e proibi-los à medida que se tornam reconhecíveis.
Restrições em Sites e Serviços Online Estrangeiros
Um resultado conspícuo da censura da internet na China é o bloqueio de muitos sites estrangeiros. O Grande Firewall impede o acesso a uma ampla gama de plataformas de mídia social, notícias e tecnologia ocidentais. Por exemplo, Google (e todos os seus serviços como Gmail, Maps, YouTube) estão completamente bloqueados na China continental en.wikipedia.org. Outras plataformas importantes como Facebook, Instagram, Twitter (X), e Discord também são inacessíveis britannica.com. Sites de notícias ocidentais populares – The New York Times, Reuters, The Washington Post, The Economist, entre outros – também são banidos britannica.com. Até sites de informação colaborativa como Wikipedia foram bloqueados (Wikipedia chinesa desde 2015, e todas as versões em idiomas até 2019) para prevenir o fluxo de informações não censuradas en.wikipedia.org. Em essência, qualquer site estrangeiro que permita o compartilhamento livre de informações ou notícias não censuradas provavelmente está na lista negra. Estudos descobriram que o Grande Firewall bloqueou mais de 150 dos 1.000 maiores sites do mundo, incluindo muitos dos domínios globais mais visitados thehackernews.com.
O bloqueio é abrangente – tentativas de acessar esses sites de dentro da China falharão ou resultarão em um reset de conexão. Por exemplo, nenhum dos três principais sites dos EUA (Google, Facebook, YouTube) pode ser acessado da China cs.stanford.edu. A censura se estende a muitos serviços online estrangeiros: aplicativos de mensagens como WhatsApp ou Telegram são frequentemente interrompidos, e serviços de streaming como Netflix e YouTube são completamente proibidos britannica.com. As lojas de aplicativos na China (como a App Store da Apple na China) removem ou escondem aplicativos que podem permitir conteúdo não censurado. Usuários na China que tentam acessar sites bloqueados geralmente veem mensagens de erro ou são redirecionados para uma página de pesquisa; não há uma lista oficial de sites bloqueados publicada pelas autoridades, mas ferramentas de teste (como GreatFire ou BlockedInChina) identificam constantemente quais domínios estão censurados.
Devido a essas restrições, os usuários da internet chineses aderem amplamente a sites e aplicativos domésticos para suas necessidades online. A censura efetivamente criou uma internet chinesa paralela – às vezes chamada de “Chinternet” – isolada de grande parte da web global. Os usuários chineses consomem principalmente conteúdo hospedado em plataformas domésticas que cumprem as leis locais. Isso não apenas moldou os hábitos dos usuários, mas também limitou a exposição a fontes de informação estrangeiras. Com isso, a vasta maioria dos internautas chineses usa a internet para notícias locais, serviços e entretenimento, com relativamente pouca navegação internacional en.wikipedia.org. Ao longo do tempo, muitos na China se acostumaram a essas limitações, embora um segmento de usuários ainda tente contornar os bloqueios (discutido sob uso de VPN abaixo).
Papel dos Gigantes da Tecnologia Doméstica (Baidu, Alibaba, Tencent, etc.)
No vazio deixado por serviços estrangeiros bloqueados, os gigantes da tecnologia doméstica da China surgiram para dominar o ecossistema digital. Empresas como Baidu, Alibaba e Tencent – frequentemente referidas coletivamente como “BAT” – são fundamentais na moldagem de como os chineses usam a internet. Essas empresas fornecem alternativas nacionais para praticamente todos os principais serviços online, operando sob regulamentações do governo e aplicando ativamente a censura em suas plataformas.
- Baidu – O principal mecanismo de busca da China (semelhante ao Google). O Baidu realiza a maioria das pesquisas da web na China e também oferece mapas, armazenamento em nuvem, serviços de IA e mais. Criticamente, o Baidu coopera com os censores filtrando sites e palavras-chave bloqueadas de seus resultados de pesquisa. Ele foi descrito como “o censor online mais proativo e restritivo na área de busca”, ajustando seus algoritmos para cumprir com as restrições de conteúdo do governo cs.stanford.edubritannica.com. O sucesso do Baidu é parcialmente devido à ausência do Google, mas também porque ele se conforma às regras locais, tornando-se uma ferramenta de confiança para as autoridades orientarem quais informações os usuários encontram.
- Alibaba Group – O gigante do comércio eletrônico e fintech da China. As plataformas do Alibaba (como Taobao e Tmall) dominam as compras online, enquanto Alipay lidera os pagamentos online com mais de 600 milhões de usuários en.wikipedia.org. A Alibaba criou um ecossistema abrangente de comércio digital na China, desde varejo até computação em nuvem. Na moldagem do uso da internet, a Alibaba popularizou tudo, desde pagamentos sem dinheiro (por meio do Alipay e WeChat Pay) até festivais de compras como o Dia dos Solteiros online. A empresa opera dentro do arcabouço do Estado, policiando vendedores por produtos e conteúdos banidos e garantindo que dados de transações permaneçam no país. A escala da Alibaba (comparável à da Amazon + PayPal combinadas) significa que os consumidores chineses podem satisfazer a maioria de suas necessidades de varejo online sem sites estrangeiros, reforçando a natureza autossuficiente da internet da China.
- Tencent – Um gigante de mídia social e entretenimento. A Tencent opera o WeChat (Weixin), o super-aplicativo usado por mais de um bilhão de chineses para mensagens, redes sociais, pagamentos móveis e mais. O WeChat é essencial na China para comunicação e serviços diários. A Tencent também opera o QQ (outra plataforma de mensagens) e é um jogador importante em jogos online. Através dessas plataformas, a Tencent moldou o uso da internet chinesa integrando chat, feeds sociais, compras e utilidades tudo em um único aplicativo (WeChat). Ao mesmo tempo, a Tencent modera de perto o conteúdo no WeChat e em seus outros serviços: chats ou postagens politicamente sensíveis são deletados, e contas que espalham conteúdo proibido podem ser suspensas. A onipresença do WeChat na verdade ajuda na vigilância – já que os usuários fazem muitas coisas em uma plataforma, torna-se mais fácil para as autoridades monitorar e controlar o discurso. A conformidade da Tencent com a censura (por exemplo, banindo palavras-chave, suspendendo grupos de chat considerados subversivos) é uma das razões principais pela qual ela pode operar em tal escala.
- Outros – Diversas outras empresas chinesas fazem parte do ecossistema da web doméstica. O Sina Weibo (frequentemente apenas “Weibo”) é uma popular plataforma de microblogging semelhante ao Twitter, onde celebridades e o público postam atualizações curtas (sob rigorosos filtros de censura). A ByteDance oferece Douyin (a versão chinesa do TikTok) para compartilhamento de vídeos curtos, e Toutiao para agregação de notícias – ambos adaptados às regras de conteúdo do governo. Bilibili e Youku funcionam como equivalentes chineses do YouTube para streaming de vídeo, enquanto Zhihu é um fórum de perguntas e respostas semelhante ao Quora. Mesmo em áreas mais específicas, existem aplicativos domésticos (por exemplo, Zhifu para comunidades de codificação em vez do GitHub quando necessário). Essas plataformas garantem coletivamente que os usuários chineses tenham serviços locais para quase qualquer atividade online, reduzindo a dependência de sites estrangeiros. Importante, todas essas empresas são obrigadas a aplicar políticas estatais – seus termos de serviço e algoritmos incorporam proibições de conteúdo, e frequentemente compartilham dados com autoridades quando solicitado (para investigações ou vigilância). O domínio de algumas grandes empresas (BAT e outras) também significa que o governo pode exercer influência efetivamente ao direcionar a liderança da empresa ou regulamentações, sabendo que as mudanças se propagarão para bilhões de usuários.
No geral, os gigantes da tecnologia doméstica criaram uma internet autossustentada dentro da China. Os usuários podem conversar, comprar, pesquisar, assistir a vídeos, jogar e pagar contas inteiramente em plataformas chinesas. Esse ecossistema digital robusto, mas insular, foi viabilizado pela ausência de concorrência estrangeira (devido ao Firewall) e pela disposição dessas empresas de se alinhar às demandas de censura do governo. O resultado é que a experiência da internet chinesa é muito diferente da internet global, sendo centrada em alguns mega-aplicativos e conteúdo curado que evita tópicos tabus britannica.com. Essas empresas também contribuem para avançar a infraestrutura e inovação da internet da China (por exemplo, o Baidu em IA, o Alibaba em computação em nuvem, o Tencent em fintech), mas sempre sob o olhar atento dos reguladores. Em essência, os gigantes tecnológicos da China são tanto beneficiários quanto agentes de aplicação do modelo de governança da internet do país.
Uso de VPN e Repressões Governamentais
Apesar do extenso bloqueio de sites estrangeiros, alguns usuários chineses buscam contornar o Grande Firewall usando Redes Privadas Virtuais (VPNs) e outras ferramentas de proxy. Uma VPN pode criptografar a conexão de um usuário e direcioná-la através de um servidor no exterior, permitindo acesso a sites bloqueados como se o usuário estivesse fora da China thehackernews.com. Durante anos, as VPNs têm sido a principal solução para cidadãos chineses com conhecimentos tecnológicos, expatriados, pesquisadores e outros que precisam de acesso não censurado. No entanto, o governo chinês tem feito uma repressão severa ao uso de VPN, especialmente nos últimos anos.
A partir de cerca de 2017, as autoridades lançaram campanhas para eliminar serviços de VPN “não autorizados”. O governo exigiu que os provedores de VPN obtivessem uma licença oficial para operar, essencialmente banindo todas as VPNs pessoais ou comerciais não aprovadas pelo Estado thehackernews.com. As principais empresas de telecomunicações (China Telecom, Unicom, Mobile) foram ordenadas pelo MIIT e CAC em 2018 para bloquear protocolos de VPN em nível de rede, exceto para usuários aprovados com permissão do governo en.wikipedia.org. A Apple foi obrigada a remover dezenas de aplicativos VPN de sua App Store na China em 2017 para cumprir as regulamentações en.wikipedia.org. Essas medidas interromperam significativamente muitos serviços populares de VPN dos quais os indivíduos dependiam. Os usuários perceberam que conexões via PPTP, L2TP, OpenVPN, etc., estavam sendo limitadas ou desconectadas pelo ISP se detectadas.
A repressão incluiu duras penalidades para provedores e usuários de VPN. Vários indivíduos chineses foram presos e encarcerados por vender serviços de VPN. Em um caso de grande destaque, um homem foi condenado a 5 anos e meio de prisão por operar um negócio de VPN sem licença que ajudou pessoas a contornar o Firewall thehackernews.com. Outros receberam penas de vários anos por desenvolver ou distribuir aplicativos VPN theguardian.com. O governo também multou usuários comuns pegos usando VPNs, para desestimular as pessoas até mesmo a tentar contornar os controles business-standard.com. Por lei, aqueles que “conduzem ilegalmente negócios [de VPN]” ou assistem a burlar os controles da internet podem ser processados sob disposições relacionadas à segurança da rede ou até mesmo como fornecimento de “ferramentas de hackers”. Essa pressão legal, combinada com a interferência técnica, reduziu a disponibilidade e o desempenho das VPNs na China. Muitos nós de VPN anteriormente confiáveis agora são rapidamente bloqueados, e novas técnicas como identificação de tráfego baseada em IA são utilizadas para detectar o tráfego de proxy criptografado.
Apesar dessas repressões, as VPNs ainda são utilizadas por um segmento da população. Alguns profissionais, pesquisadores e empresas têm VPNs aprovadas pelo Estado para o trabalho (por exemplo, empresas estrangeiras na China podem obter uma VPN sancionada pelo governo para uso interno). Indivíduos privados ainda compartilham informações sobre qual VPN ou proxy pode funcionar temporariamente – é um jogo de gato e rato, à medida que os provedores de VPN se adaptam e o Firewall responde. No início da década de 2020, estima-se que uma minoria dos internautas chineses (aqueles particularmente determinados a acessar a web global) ainda consiga usar VPNs ou túneis de proxy seguros en.wikipedia.org. Empresas estatais e instituições governamentais também usam VPNs para comunicações seguras, mostrando que a tecnologia em si não é banida, mas sim o uso não autorizado é o alvo en.wikipedia.org. A posição do governo é clara: somente serviços de VPN que sejam registrados e acessíveis às autoridades (ou seja, com portas dos fundos ou registros de uso) são permitidos en.wikipedia.org. Todos os outros meios de contornar o Firewall são ilegais. Isso teve um efeito intimidante sobre a liberdade na internet, pois aqueles que poderiam casualmente contornar o Firewall para ler notícias estrangeiras agora pensam duas vezes devido aos riscos. Isso reforça ainda mais a natureza do ciclo fechado da internet da China, já que menos pessoas conseguem acessar facilmente informações externas.
Mudanças Recentes nas Políticas e Impacto no Acesso Digital
Nos últimos anos, a liderança da China sob Xi Jinping intensificou o controle sobre a esfera digital. Novas leis e regulamentações foram promulgadas para abordar a segurança de dados, comportamento do usuário e a indústria de tecnologia em geral – todos os quais afetam o acesso e uso da internet na China.
Um desenvolvimento significativo foi a introdução da Lei de Segurança Cibernética (2017), seguida pela Lei de Segurança de Dados (2021) e pela Lei de Proteção de Informações Pessoais (2021). Essas leis expandiram a supervisão do governo sobre dados e atividades online. Por exemplo, a Lei de Segurança Cibernética consolidou os requisitos para localização de dados (manter os dados dos usuários chineses em servidores na China) e deu às autoridades amplos direitos de acesso a dados por razões de segurança en.wikipedia.org. Também fez com que as empresas da internet fossem mais explicitamente responsáveis por censurar conteúdo e monitorar suas plataformas, sob ameaça de penalidades en.wikipedia.org en.wikipedia.org. A Lei de Segurança de Dados introduziu ainda regras sobre como os dados (desde informações pessoais até dados comerciais importantes) devem ser tratados de forma segura, e estendeu a jurisdição legal sobre dados chineses mesmo se armazenados no exterior en.wikipedia.org. Embora essas leis estejam enquadradas em segurança e privacidade, na prática, elas fornecem respaldo legal para o Estado controlar fluxos de informação e punir empresas que não censuram adequadamente ou que permitem vazamentos de dados.
Outra área de mudança tem sido o registro de nome real e identidade digital. É exigido há muito tempo que as pessoas usem suas identidades reais (número de identificação ou número de telefone) para se inscrever em serviços de internet, tornando a anonimidade difícil. Recentemente, houve até propostas para um sistema unificado de identificação digital para todos os usuários de internet em nível nacional, para substituir o emaranhado de logins individuais en.wikipedia.org. Isso daria ao governo um controle ainda mais apertado sobre a identificação e rastreamento da atividade online de cada cidadão. Embora até 2024 tal sistema fosse voluntário, sinaliza a direção da política – em direção a menos anonimidade e mais identidades online vinculadas ao Estado, o que pode desencorajar a livre expressão e tornar a vigilância mais fácil.
O governo também emitiu novas diretrizes sobre algoritmos e recomendações de conteúdo, exigindo que os algoritmos de recomendação utilizados por sites (como feeds de notícias, aplicativos de vídeo curto) promovam “valores socialistas centrais” e não facilitem a disseminação de conteúdo prejudicial. Isso significa que as empresas devem ajustar seus algoritmos para rebaixar ou banir categorias de conteúdo que o Estado desaproveva (como fofocas de celebridades consideradas excessivamente vulgares ou conteúdo político fora da narrativa oficial). Na prática, até mesmo o conteúdo que é mostrado algoritmicamente aos usuários está passando por um escrutínio regulatório, restringindo ainda mais o espaço para informações não aprovadas.
Também houve repressões direcionadas em setores específicos da internet. Em 2021, as autoridades lançaram uma campanha contra os excessos percebidos da indústria de tecnologia e da cultura online – muitas vezes referida como a “repressão tecnológica” da China. As regulamentações foram apertadas em tudo, desde antitruste (para conter monopólios da tecnologia) até aplicativos de educação online (que foram restringidos para reduzir a pressão acadêmica sobre crianças). Clubes de fãs de mídias sociais e a cultura de celebridades online foram controlados para conter o que o governo chamou de atividades de fandom “caóticas”. Talvez mais notável para o acesso dos jovens, novas regras limitaram o tempo de jogos online para menores – pessoas abaixo de 18 anos agora só podem jogar jogos online por algumas horas por semana durante horários determinados, como um medida contra o vício em jogos. Esses toques de recolher para jogos (aplicados através de sistemas de login de nome real e verificações de reconhecimento facial) representam como o Estado pode ditar diretamente como os cidadãos interagem com serviços digitais. Embora direcionados a menores, é um reflexo da filosofia mais abrangente de que a internet na China deve ser um espaço “positivo” e controlado, não um playground selvagem.
O impacto dessas recentes mudanças políticas tem sido significativo. Por um lado, elas encurtaram ainda mais as liberdades online – por exemplo, a Freedom House observou que, em 2024, a China intensificou os esforços para **“selar” sua internet doméstica da rede global, bloqueando até alguns sites internacionais adicionais e impondo pesadas multas a usuários de VPN business-standard.com. Discussões online sobre certos eventos ou figuras continuam a ser rapidamente censuradas, e novos tópicos (como #MeToo ou protestos de direitos trabalhistas) que ganham tração são rapidamente silenciados por meio de retiradas coordenadas de postagens. A atmosfera é tal que muitos usuários da internet na China praticam um certo grau de autocensura, evitando escrever ou pesquisar tópicos sensíveis para não se meterem em problemas. Ativistas e jornalistas que expressam dissidência online frequentemente enfrentam consequências no mundo real (detenções, etc.), criando um forte efeito de resfriamento.
Por outro lado, as políticas mais rigorosas da China também remodelaram a indústria. A ameaça de multas e fechamentos tornou as empresas hiper-vigilantes na moderação de conteúdo. As empresas de tecnologia estão agora emitindo regularmente atualizações sobre como estão em conformidade com as regulamentações, e algumas atenuaram recursos (por exemplo, mudanças de algoritmo para reduzir a rolagem de conteúdo “viciante”). A intervenção do Estado na tecnologia (como a suspensão do IPO do Ant Group, investigação do Didi por segurança de dados em 2021, etc.) sinalizou que nenhuma empresa está acima de cumprir com as prioridades nacionais. Como resultado, as empresas de internet chinesas têm se alinhado mais estreitamente às diretrizes do governo, seja limpando conteúdo politicamente sensível ou promovendo entretenimento mais “salutar” em conformidade com as diretrizes culturais.
Em resumo, as recentes mudanças políticas sob a liderança atual têm reforçado a natureza controlada e insular da internet da China. Elas garantem que, à medida que a internet evolui (com novas tecnologias como IA, algoritmos, etc.), o controle do governo se adapta de acordo. Para os usuários chineses, isso significa que a experiência online permanece rigidamente moderada. Há uma exposição muito limitada a conteúdo global não filtrado, e mesmo dentro da web chinesa, o conteúdo é moderado para conformidade com narrativas aprovadas pelo Estado. O acesso digital na China, portanto, continua a ser acesso nos termos do Estado, com poucos sinais de liberalização.
Acesso à Internet via Satélite: Disponibilidade, Posição do Governo e Planos Futuros
Um aspecto emergente do acesso à internet é a internet via satélite, que fornece conectividade por meio de constelações de satélites em vez de cabos terrestres. Globalmente, serviços como o Starlink da SpaceX começaram a oferecer internet de alta velocidade a partir de satélites em órbita baixa da Terra. Na China, no entanto, o acesso à internet via satélite para o público em geral é extremamente limitado e rigidamente controlado.
No presente, os serviços de internet via satélite estrangeiros (como o Starlink) não estão autorizados na China. De acordo com os dados oficiais da SpaceX, o serviço Starlink está não disponível na China e a empresa não está buscando permissão para oferecê-lo lá livemint.com. Isso significa que os cidadãos chineses não podem legalmente comprar ou usar terminais Starlink. Algumas pessoas relataram ter adquirido kits Starlink através de mercados cinzas, mas usá-los é arriscado – não apenas porque é ilegal segundo a lei chinesa contornar as regulamentações de telecomunicação, mas também porque a própria Starlink começou a reprimir o uso não autorizado em países proibidos em 2024 livemint.com livemint.com. O governo chinês adota uma posição firme contra comunicações via satélite não supervisionadas, já que isso poderia permitir que os usuários contornassem o Grande Firewall completamente ao se conectarem diretamente aos satélites, ficando assim fora dos gateways da internet controlados pelo Estado.
Em termos de posição do governo, Pequim é cautelosa em relação à internet via satélite estrangeira, tanto por questões de controle de informação quanto de segurança. As autoridades enfatizaram publicamente o princípio da “soberania cibernética”, significando que cada país (e certamente a China) deve controlar o acesso à internet dentro de suas fronteiras aspistrategist.org.au. Os serviços de satélite não regulamentados minam essa soberania. Há até relatos de pesquisadores militares chineses explorando maneiras de neutralizar ou hackear satélites Starlink se algum dia forem usados em conflito ou para ajudar dissidentes. Em essência, a visão do governo é que a internet via satélite não deve se tornar uma brecha no Grande Firewall. Se os cidadãos chineses estivessem usando livremente algo como o Starlink, isso tornaria ineficaz todo o aparato de censura doméstica, o que é inaceitável para o regime.
Em vez de permitir internet via satélite estrangeira, a China está desenvolvendo seus próprios projetos de internet via satélite. O governo e empresas privadas chinesas anunciaram planos para grandes constelações de satélites em órbita baixa (LEO) para fornecer cobertura de banda larga. Por exemplo, em 2024, os primeiros satélites da ambiciosa constelação mega “G60” foram lançados, apoiados pelo governo de Xangai, visando oferecer internet via satélite regional até 2025 e cobertura global até 2027 aspistrategist.org.au. O G60 é uma das três principais constelações chinesas em andamento, ao lado do projeto Guowang de propriedade estatal e de uma constelação conduzida pelo setor privado chamada Honghu-3, com um planejamento de implementação de mais de 15.000 satélites ao todo theregister.com. Esses projetos fazem parte do esforço da China para competir no futuro da infraestrutura da internet e não depender de redes de satélite estrangeiras. Ao construir seus próprios sistemas semelhantes ao Starlink, a China pode estender a internet para áreas rurais e até mesmo oferecer serviços no exterior sob seus próprios termos. Notavelmente, empresas chinesas já iniciaram programas piloto: em 2023, uma empresa chinesa OneLinQ lançou o primeiro serviço de internet via satélite doméstico civil, e outra empresa GalaxySpace testou até mesmo a oferta de internet via satélite em partes da Ásia (Tailândia) aspistrategist.org.au.
No entanto, mesmo com a internet via satélite doméstica, o governo pretende integrar censura e monitoramento nesses serviços. Analistas notam que as redes de satélites chinesas provavelmente redirecionarão o tráfego através de algumas estações terrestres na China, onde a filtragem do Grande Firewall pode ser aplicada assim como é nas redes terrestres theregister.com. Em outras palavras, a China pode estar se preparando para colocar o Grande Firewall em órbita – garantindo que, mesmo que a internet venha de satélites, os controles de conteúdo permaneçam em vigor theregister.com theregister.com. Declarações oficiais chinesas também sugerem que a internet via satélite funcionará sob o mesmo arcabouço legal que os outros ISPs, significando que os usuários ainda enfrentarão restrições de conteúdo e vigilância. O lado positivo para a China é que a conectividade via satélite poderia trazer aldeias rurais remotas ou regiões montanhosas online, finalmente fechando algumas das divisões digitais remanescentes. O governo tem promovido explicitamente a internet via satélite como um meio de fornecer serviços para áreas rurais e carentes que não foram alcançadas por cabos de fibra en.wikipedia.org. Portanto, no futuro, um agricultor em uma parte remota da China ocidental pode obter internet através de uma antena satelital chinesa – mas os sites que podem visitar serão os mesmos filtrados disponíveis em outras partes da China.
Olhando para o futuro, a internet via satélite estrangeira provavelmente continuará banida, a menos que o governo consiga controlá-la de algum modo. (Dada a recusa do Starlink em até mesmo entrar no mercado e a insistência da China no controle, um compromisso é improvável.) As próprias constelações de satélite da China começarão a ficar online em meados da década, oferecendo potencialmente outra opção de conectividade – uma que pode até ser exportada para países amigos como parte da iniciativa de infraestrutura digital da Rota da Seda aspistrategist.org.au. Esse desenvolvimento poderia aumentar a cobertura global da internet, mas também exportar o modelo censurado da internet da China se outros governos adotarem serviços de satélite chineses aspistrategist.org.au aspistrategist.org.au. Para os cidadãos chineses, a internet via satélite será simplesmente mais um canal supervisionado pelo governo. O usuário médio na China pode nem mesmo distinguir se seus dados vêm por cabo ou satélite – em todos os casos, a experiência estará dentro dos limites da internet regulamentada da China.
Em resumo, a internet via satélite é uma fronteira emergente que a China está ativamente explorando em seus próprios termos. Links de satélites estrangeiros não aprovados são proibidos, enquanto redes de satélites chineses aprovados pelo Estado estão sendo construídas. A abordagem do governo garante que, mesmo à medida que a tecnologia evolui, a primazia do controle estatal sobre o acesso digital permaneça inquestionada.
Comparação Global: Liberdade, Velocidade e Acessibilidade
A abordagem da China ao acesso à internet se destaca em forte contraste com as tendências globais em várias áreas-chave:
- Liberdade na Internet: Internacionalmente, a China é conhecida por ter um dos ambientes online mais restritivos. No relatório Liberdade na Rede da Freedom House de 2024 (que avalia a liberdade na internet em dezenas de países), a China ficou em último lugar, empatando com Mianmar, marcando apenas 9 em 100 no índice business-standard.com. Essa pontuação extremamente baixa reflete obstáculos pesados ao acesso, censura generalizada e violações dos direitos dos usuários. Em comparação, usuários em sociedades abertas (como grande parte da Europa ou Taiwan) desfrutam de pontuações na faixa de 70-90+ no mesmo índice. A posição da China na parte inferior tem sido consistente por muitos anos – ela regularmente é classificada como o ambiente de internet menos livre do planeta. Embora muitos países censurem algum conteúdo ou tenham regulamentações moderadas, a escala e sofisticação da censura da China (o Grande Firewall) e da vigilância (Grande Canhão, políticas de nome real) não têm paralelo. Para contextualizar, mesmo outros países com tendência autoritária típicamente têm mais acesso a sites globais do que a China. Isso significa que os internautas chineses têm muito menos liberdade informativa do que a maioria dos usuários da internet em todo o mundo. Temas e sites considerados normais em outros lugares estão fora dos limites da China. A tendência na China tem sido em direção a ainda menos liberdade nos últimos anos business-standard.com, enquanto globalmente, embora a liberdade na internet tenha diminuído em alguns lugares, também existem muitas iniciativas para manter a internet aberta e interoperável através das fronteiras.
- Velocidade e Infraestrutura: Paradoxalmente, apesar da baixa liberdade, a China se destaca em infraestrutura de internet e velocidade em relação a muitos países. As velocidades médias de banda larga da China estão entre as mais rápidas do mundo, graças a investimentos massivos em fibra óptica e redes móveis 5G. Por exemplo, a China implementou mais de um milhão de torres 5G (mais do que o resto do mundo combinado na implementação inicial), e sua velocidade mediana de download móvel (~117 Mbps) está entre as 10 melhores do mundo visualcapitalist.com. Nos centros urbanos, conexões de fibra gigabit estão se tornando cada vez mais comuns, e serviços como streaming e computação em nuvem são bem apoiados domestiquement. Nos rankings globais de velocidade, a China frequentemente compete com economias avançadas na Europa e Ásia em largura de banda pura. Isso contrasta fortemente com a qualidade da internet em outros ambientes fortemente controlados: por exemplo, o Irã ou Cuba não apenas restringem conteúdo, mas também têm redes relativamente lentas ou menos desenvolvidas. A China demonstra que um Estado pode fornecer desempenho de rede de classe mundial enquanto ainda restringe o acesso ao conteúdo. No entanto, vale a pena notar que a experiência de velocidade diverge entre conteúdo nacional e internacional. Acessar sites ou servidores chineses é muito rápido para usuários na China, enquanto acessar sites no exterior (caso não estejam bloqueados) pode ser lento devido aos gargalos mencionados. Globalmente, a maioria dos países não implementa tal estrangulamento deliberado do tráfego estrangeiro. Assim, embora a velocidade da internet doméstica da China seja alta, sua velocidade efetiva para a internet aberta é frequentemente inferior à de um usuário em, por exemplo, na Coreia do Sul ou nos EUA que pode se conectar livremente a qualquer lugar.
- Acessibilidade e Penetração: Em termos da parcela da população online, a penetração da internet na China de ~77,5% está em par com as médias globais para nações de renda média e continua a subir en.wikipedia.org. Isso indica um acesso razoavelmente amplo – centenas de milhões de chineses, tanto nas cidades quanto no campo, agora têm conexões de internet, principalmente através de dispositivos móveis. Globalmente, cerca de 66% da população mundial estava online até 2023, então a China está acima dessa média, embora atrás de algumas sociedades altamente conectadas (muitos países europeus, por exemplo, superam 90% de penetração). O governo chinês fez do acesso à internet uma prioridade para o desenvolvimento, investindo em projetos de conectividade rural para que até mesmo áreas remotas recebam cobertura. Em comparação com outros países com grandes populações, a China tem se saído bem em conectar seu povo; por exemplo, a penetração da internet na Índia é muito menor (~50%). Assim, em termos de disponibilidade básica, a China é uma história de sucesso – a maioria de seus cidadãos tem acesso ao mundo digital, pelo menos na versão curada dele. A acessibilidade da internet na China também é relativamente boa; dados móveis e assinaturas de banda larga são precificados de forma competitiva pelas operadoras estatais para incentivar seu uso, enquanto em alguns países altos custos são uma barreira. Uma diferença de acessibilidade, no entanto, é a onipresença do acesso móvel em relação ao fixo na China. Uma parcela muito maior de usuários chineses acessa a internet via smartphones do que em muitos países ocidentais, onde o uso de computadores desktop ou banda larga fixa em casa é comum. Esse uso centrado em dispositivos móveis está alinhado com as tendências globais em países em desenvolvimento e foi viabilizado pelos smartphones baratos da China e pelas extensas redes 4G/5G.
- Diversidade de Conteúdo e Serviços: Em uma internet livre (como nos EUA ou na UE), os usuários podem acessar serviços de todo o mundo – por exemplo, um americano pode usar um site francês, um aplicativo coreano e ler notícias britânicas na mesma hora. Na China, esse uso cosmopolita da internet é amplamente impossível devido às restrições. O universo online do usuário chinês médio é limitado a plataformas e fontes de informação chinesas. Esse foco voltado para dentro é algo único na China (e em alguns outros poucos lugares como talvez a Coreia do Norte, embora a internet da Coreia do Norte seja diminuta em comparação). Mesmo países que censuram (como a Rússia, Turquia, Irã) ainda têm uma presença significativa de serviços internacionais ou pelo menos menos substitutos nacionais. Os controles rígidos da China, combinados com seu grande mercado, fomentaram um ecossistema digital completamente autossuficiente. Isso significa que os internautas chineses desfrutam de uma rica variedade de serviços (geralmente equivalentes aos globais em recursos) mas perdem a oportunidade de interagir completamente com a comunidade digital global. Cultural e linguisticamente, a internet chinesa divergiu – tópicos em alta, memes e conteúdos dentro das redes da China podem ser totalmente diferentes e desconhecidos fora, e vice-versa. Em comparação global, esse nível de segregação é incomum. Isso levanta preocupações entre os defensores da liberdade na internet de que a internet do mundo está se fragmentando (“splinternet”), sendo a China um exemplo principal de um grande jardim murado.
Em conclusão, o acesso à internet na China é um estudo de contrastes. Ele possui tecnologia de ponta e conectividade generalizada, mas restringe severamente a liberdade e a abertura. O extenso aparato de censura e vigilância do Estado o distingue dos ambientes de internet mais abertos encontrados na maior parte do mundo. Enquanto muitos países se esforçam para aumentar tanto o acesso quanto a liberdade online, a China se concentrou no acesso sem liberdade – garantindo que as pessoas estejam conectadas, mas dentro de um domínio controlado e monitorado. Esse modelo também tem implicações além da China, já que outros governos observam e às vezes emulam aspectos da abordagem de “soberania cibernética” da China. À medida que a internet global debate questões de regulamentação, privacidade e abertura, a China representa um extremo onde o governo exerce controle quase total. Compreender a internet da China, portanto, proporciona uma visão de até onde a internet pode ser moldada para se encaixar na visão de um governo, e serve como um contraponto ao ideal de uma internet livre e universal que transcende fronteiras nacionais.
Fontes:
- China Briefing – Internet na China: Principais preocupações para empresas estrangeiraschina-briefing.comchina-briefing.comchina-briefing.com
- Wikipedia – Internet na China (estatísticas de usuários da CNNIC)en.wikipedia.org
- Britannica – Grande Firewall (visão geral do sistema de controle da internet da China)<a href="https://www.britannica.com/topic/Great-Firewall#:~:text=Great%20Firewall%2C%20regulatory%20and%20technological,destabilizing%20to%20the%20country%E